Cartão “100% brasileiro” também obedece a sanções estrangeiras
Bandeira Elo, criada para fortalecer a soberania nacional, segue regras do Departamento de Estado e do Tesouro dos EUA

A bandeira de cartão de crédito Elo nasceu em 2011, apresentada como orgulho nacional e símbolo de independência financeira. Criada com apoio do Banco do Brasil, Caixa e Bradesco, foi anunciada como a primeira alternativa totalmente brasileira frente ao domínio de bandeiras internacionais.
No entanto, a realidade mostrou-se bem diferente. Em seu regulamento de 344 páginas, a Elo impõe a mesma regra que Visa e Mastercard: não pode emitir cartões a pessoas sancionadas por governos estrangeiros. Entre eles, os Estados Unidos, a União Europeia, a ONU e até o Tesouro britânico.
Ou seja, ainda que o cartão opere em reais, com liquidação e processamento local, sua estrutura depende de parcerias com empresas internacionais, como a holandesa Adyen e a americana Discover, para garantir alcance global. Resultado: a chamada “soberania” esbarra em cláusulas ditadas fora do Brasil.
O caso ganha ainda mais repercussão após a aplicação da Lei Magnitsky, que atingiu nomes de peso no país. O bloqueio de cartões internacionais já foi confirmado, e agora até mesmo a bandeira considerada “100% nacional” pode falhar em proteger usuários das sanções impostas de fora.
Esse episódio escancara uma contradição preocupante: enquanto o discurso oficial exalta autonomia, o Brasil segue com instituições financeiras submetidas a determinações de órgãos estrangeiros. A promessa de independência financeira, pelo visto, continua apenas no papel.
*Com informações cnnbrasil.
COMENTÁRIOS