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Campo Grande,02/07/2025

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Sargento Betânia

Como a Degeneração Moral e Intelectual Alimentam a Insegurança e a Impunidade

Enquanto o crime é promovido ao poder, o cidadão de bem paga a conta da inversão de valores que destrói o Brasil


Como a Degeneração Moral e Intelectual Alimentam a Insegurança e a Impunidade Sargento Betânia – Especialista em Segurança Pública

Vivenciamos, no Brasil, um período de obscuridade moral e institucional. Em um País onde a desonestidade intelectual se naturalizou como prática cotidiana, a crise ética se espalha como uma epidemia silenciosa e persistente. Nosso sistema de justiça criminal – moroso, ineficaz e, por vezes, conivente – agoniza diante de uma realidade que mais se assemelha a um roteiro distópico de ficção. A única diferença é que, neste enredo, os antagonistas não se ocultam nas sombras: eles estão à frente das instituições, enquanto os que deveriam ser heróis sociais são retratados como vilões.

Enquanto a sociedade clama por uma reformulação profunda das normas penais e da execução da justiça, o que se observa é o escárnio institucionalizado. Exemplo recente e emblemático ocorreu no Nordeste, onde o gestor daquele estado nomeou um ex-detento para ocupar o cargo de diretor do sistema prisional. Sim, prezado leitor, o lobo foi oficialmente encarregado de zelar pelo galinheiro. Seria cômico, não fosse trágico — e, lamentavelmente, real.

O Brasil se transformou num palco onde os papéis foram cruelmente invertidos. O artista que exalta o crime, apologia às drogas, nas letras das suas músicas é ovacionado como ídolo nacional, exibindo joias, carros importados e festas nababescas. Enquanto isso, no barraco ao lado — dentro da mesma comunidade onde nasceu —, crianças e jovens convivem com a miséria e a total ausência de perspectiva. É nesse solo árido que muitos são fisgados pelo crime organizado, iludidos pela promessa de poder e riqueza fácil. Acreditam que terão a vida do chefão — mas acabam enterrados antes dos 17 anos, ou no sistema penitenciário.

E o policial, que arrisca a própria vida para proteger o cidadão de bem, é quem leva o rótulo de vilão.

Sim, vivemos a era em que o absurdo não só virou rotina — virou referência.

Casos emblemáticos multiplicam-se sob o manto da impunidade: um traficante flagrado com 400 quilos de cocaína em uma aeronave é libertado após audiência de custódia. Pasme você, o juiz justificou por ser uma abordagem ilegal. Enquanto um humorista é condenado a oito anos de reclusão por conta de uma piada considerada ofensiva. Já os estelionatários da terceira idade, os fraudadores de aposentadorias e os ladrões de colarinho branco seguem soltos, certos de que, neste país, delinquir é não apenas vantajoso — é lucrativo.

Instaurou-se, no Brasil, uma verdadeira cleptocracia. A elite política age como parasita voraz, sugando os recursos da população trabalhadora. Ostentam viagens internacionais com recursos públicos, enquanto os hospitais carecem de insumos básicos, faltam médicos, e a população aguarda meses para conseguir exames de alta complexidade. Quando finalmente conseguem atendimento, muitas vezes, já é tarde demais.

A corrupção, antes sussurrada nos corredores dos bastidores, agora desfila em plena luz do dia, com pompa e naturalidade. Ela se instalou, com todas as suas vísceras, no coração dos Três Poderes. O crime organizado não se limita mais às vielas armadas — ele agora ocupa gabinetes parlamentares, influencia decisões executivas e se ampara nas brechas generosas do Judiciário. O Estado foi aparelhado. Facções criminosas brasileiras atuam hoje como organizações terroristas transnacionais — fato já reconhecido por organismos internacionais e pelo próprio governo dos Estados Unidos.

Enquanto isso, o mandatário da Nação percorre o mundo em uma agenda diplomática teatral, ladeado por uma comitiva dispendiosa, custeada pelo suado dinheiro do contribuinte. Uma verdadeira ópera de ostentação e cinismo, encenada enquanto o cidadão comum, que acorda antes do nascer do sol para trabalhar, mal consegue garantir o básico. E o povo? Grande parte limita-se à indignação virtual — desabafa no WhatsApp e volta à rotina, aguardando, passivamente, ser a próxima vítima.

O Brasil tornou-se a caricatura de si mesmo. Uma sátira involuntária, cujo enredo não arranca risos — apenas lamentos.

Como questionava a icônica banda Capital Inicial: “Que País é esse?”

É o País onde a ética foi sequestrada, a justiça tornou-se refém, e a indignação foi domesticada, convertida em meme.

E nós seguimos — refletindo, resistindo, denunciando. Até quando nos for permitido.

Mas ainda há quem lute. Ainda há quem grite. E, sobretudo, ainda há quem pense.

A pergunta que resta : Você continuará na plateia e pagando a conta?

Sargento Betânia

Especialista em Segurança Pública, Ciências Políticas e Educação em Direitos Humanos.

Com 22 anos de serviço na Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, atua como palestrante nas áreas de combate às drogas, prevenção ao abuso sexual infantil e enfrentamento à violência contra a mulher.

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