Torcedor trabalha 104 anos para ganhar o que um jogador da Série A fatura em uma temporada
Enquanto o salário dos craques da Série A dispara, o torcedor brasileiro precisaria de 104 anos de trabalho para igualar o que um jogador ganha em apenas uma temporada. E a conta só piora

Existe uma arquibancada que separa mais do que o campo e as quatro linhas. Ela divide mundos. De um lado, o torcedor suado, pendurado no carnê do ingresso, pagando o churrasco no cartão de crédito e fazendo vaquinha pra ver o time jogar fora de casa. Do outro, o craque do mês, o dono da resenha, com salário que faz o PIX parecer esmola. E, pasme: no Brasil, essa distância virou abismo.
Um estudo inédito do Bolavip Brasil cravou com precisão cirúrgica o que o torcedor já sentia no bolso — e no peito: hoje, um brasileiro médio precisa trabalhar 104 anos pra faturar o que um jogador da Série A recebe em apenas uma temporada. Isso mesmo. Se o torcedor começar a ralar hoje, só vai empatar o jogo de salários com o boleiro lá por 2129. Se estiver vivo, claro.
O Brasil é vice... mas nessa a gente queria passar longe
Na lista dos países com maior disparidade entre os salários de quem joga e quem torce, o Brasil amarga a segunda posição mundial, atrás apenas da Arábia Saudita — onde o futebol é regado a petrodólares e a diferença é ainda mais indecente.
Enquanto o torcedor brasileiro médio ganha 0,95% do que um jogador embolsa anualmente, o saudita sobrevive com meros 0,42%. Em compensação, lá o estádio tem ar-condicionado. Aqui, tem perrengue e cambista.
Agora, dá uma olhada nos números que o levantamento trouxe:
Ranking da Vergonha (relação entre salário anual do torcedor e do jogador)
- Arábia Saudita – 0,42%
- Brasil – 0,95%
- Espanha – 1,35%
- Inglaterra – 1,40%
- Turquia – 1,66%
- Itália – 1,81%
- França – 3,00%
- Alemanha – 3,37%
- Portugal – 4,86%
- Holanda – 8,11%
- Estados Unidos – 23,23%
A culpa não é só do craque
Entre 2020 e 2024, os salários dos jogadores da Série A aumentaram 72,27%. Já o do torcedor... esse continua tentando bater o escanteio e correr pra cabecear, mas a inflação e o custo de vida cortam qualquer contra-ataque. Em 2020, o trabalhador brasileiro recebia 1,39% do salário de um jogador. Agora, em 2024, caiu pra 0,95%. E a tendência é continuar escorregando.
E o que isso diz sobre o nosso futebol?
Que o esporte mais popular do Brasil continua encantando multidões, mas anda afastado da realidade de quem o sustenta. Que o torcedor virou consumidor, e cada vez mais distante do ídolo que veste a camisa — não de paixão, mas de contrato.
Enquanto isso, o grito na arquibancada continua sendo o mesmo: "É o amor pela camisa!" Pena que, no extrato bancário, esse amor não se converte em cifras.
*Com Informações Bolavip Brasil.
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