Carlo Ancelotti chega ao Brasil: mais do que um técnico, um choque de cultura futebolística
Italiano desembarca no Rio nesta semana para oficializar nova era na Seleção; desafio vai além das quatro linhas e envolve adaptação ao DNA emocional do futebol brasileiro

A aguardada chegada de Carlo Ancelotti ao Rio de Janeiro nesta semana marca o início de um projeto que vai além da troca de comando técnico. É a tentativa da Confederação Brasileira de Futebol de enxertar no time nacional um modelo europeu de gestão, disciplina tática e pragmatismo — numa cultura onde o improviso ainda é confundido com genialidade.
Em Madri, o embarque foi discreto. No Rio, o evento será midiático. O técnico italiano será apresentado num grande hotel da Barra da Tijuca com direito a transmissão ao vivo e presença de autoridades esportivas. A pompa é proporcional à expectativa depositada em Ancelotti — e também à pressão.
A Seleção Brasileira, desde o pós-Tite, vive de interinos e incertezas. O time oscila entre lampejos e apagões, e a torcida já não canta com a mesma empolgação de outros carnavais. O trabalho de Ancelotti começa no campo simbólico: devolver confiança ao torcedor, autoridade ao vestiário e coerência ao jogo da Seleção.
Mas o desafio real será interno. Ancelotti encontrará um futebol movido à paixão, politizado nos bastidores e ainda carente de estrutura básica na base e nos estaduais. A pergunta não é se ele tem currículo — ele tem. A pergunta é se o Brasil está pronto para ouvir um técnico que prefere falar pouco e organizar muito.
A seleção não precisa apenas vencer. Precisa reencontrar sua identidade. E, ironicamente, pode ser um italiano quem vai nos lembrar como jogamos futebol.
*Com informações O Globo
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