Seja bem-vindo
Campo Grande,20/08/2025

  • A +
  • A -
Publicidade

Paquistão sob o jugo da monção: desastre evitável expõe fragilidades do Estado

Inundações deixam centenas de mortos e escancaram o abandono estatal diante de tragédias previsíveis


Paquistão sob o jugo da monção: desastre evitável expõe fragilidades do Estado Equipes de socorro usam uma escavadeira para remover os escombros de casas que desabaram enquanto buscam vítimas nos escombros, um dia após uma tempestade na vila de Dalori, no distrito de Swabi, na província montanhosa de Khyber Pakhtunkhwa, no Paquis

O Paquistão enfrenta uma das piores tragédias naturais em décadas. O número de mortes ultrapassa 700 em todo o país desde o fim de junho, com centenas de vítimas registradas apenas nas últimas semanas por enchentes causadas pelas monções e por eventos extremos de chuva repentina — os chamados "cloudbursts", que despejam volumes impressionantes de água em menos de uma hora, principalmente nas regiões montanhosas do noroeste.

A província de Khyber Pakhtunkhwa (KP) é o epicentro da tragédia. Só em Buner, região mais atingida, houve entre 200 e 280 mortes em um único dia; em outras localidades da província, o número de vítimas também se conta às centenas. A resposta das autoridades foi lenta, e a população ficou à mercê da natureza — um reflexo claro da falta de planejamento e da ausência de investimentos em infraestrutura básica e de resposta rápida.

O modelo de ação do Estado mostrou-se, mais uma vez, ineficaz. Mesmo diante de um histórico de desastres semelhantes, os alertas falharam. Em muitas áreas rurais, os sistemas tradicionais de aviso — como alto-falantes em mesquitas — nem chegaram a ser utilizados. Moradores relatam que as inundações chegaram em segundos, sem qualquer aviso prévio.

Apesar de alguns avanços na resposta, como a reativação parcial da rede elétrica e a reabertura de vias principais, o colapso no sistema de prevenção é gritante. O que se vê é um padrão repetido: governos que relegam os investimentos em infraestrutura e tecnologia de prevenção acabam provocando tragédias anunciadas — e quem paga o preço são os cidadãos comuns.

É evidente que o aquecimento global tem ampliado a frequência e intensidade desses fenômenos. Ainda assim, a inércia das autoridades impressiona. Pouco se investe em monitoramento climático, defesa civil ou descentralização da gestão de riscos. E, como sempre, os discursos oficiais se limitam a prometer reconstrução, compensações e reassentamentos — quando, na verdade, o que falta é uma mudança estrutural na forma de lidar com o risco.

Vale lembrar que o país já conheceu dramas parecidos: em 2022, inundações igualmente devastadoras tiraram a vida de quase 1.700 pessoas. A história se repete, não por acaso, mas por escolha — ou, melhor dizendo, por negligência institucional.

Mais chuvas são esperadas até o início de setembro. Mas a verdadeira tempestade é política. Enquanto não houver coragem para romper com a rotina de improvisos e retórica vazia, o ciclo de tragédias continuará. E o povo, como sempre, continuará pagando com a própria vida.

*Com informações jovempan.




COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.