Mutirão "Todos em Ação" leva atendimento ao Santa Emília, mas revela fragilidade no engajamento popular
Com organização, presença técnica e acolhimento, SESAU mostra que gestão séria transforma a vida de quem mais precisa

No último sábado (31), a Prefeitura de Campo Grande promoveu mais uma edição do mutirão “Todos em Ação”, desta vez no Bairro Santa Emília. A Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) levou serviços básicos — e alguns nem tão básicos — à população, das 8h às 13h, na Escola Municipal Maria Tereza Rodrigues.
Foram aplicadas 102 vacinas, realizados exames rápidos para ISTs em 84 pessoas e feitos 30 atendimentos com orientações de primeiros socorros. No total, 337 atendimentos individuais e 70 pessoas impactadas em uma ação coletiva de mobilização. Um número razoável, mas ainda tímido para um bairro populoso.
E aí vem o ponto que ninguém gosta de dizer em voz alta: estamos cada vez mais reféns do marketing institucional e menos comprometidos com o real envolvimento da comunidade. A prefeitura levou auriculoterapia, avaliação nutricional (só dois procuraram, veja bem!), atendimento odontológico e até o bom e velho Zé Gotinha. Tudo isso em um cenário montado com windbanners — sim, aqueles panos coloridos de evento que dizem mais sobre aparência do que essência.
O resultado? Um friozinho no ar e a adesão caiu. Isso mesmo. O clima foi citado como um dos fatores da baixa procura. Mas vamos ser honestos: se as pessoas não estão indo nem quando os serviços vêm até elas, talvez o problema seja mais profundo — e não é culpa do frio.
A ação da SESAU foi elogiável na organização, no empenho técnico e na boa vontade das equipes. Mas o evento também escancarou uma triste verdade: o poder público continua tratando a cidadania como um favor e não como um direito. Dá o serviço, faz a foto, distribui a camisa — e pronto. Marca ponto. Mas será que transforma de fato?
Enquanto isso, seguimos com bairros carentes sendo atendidos em mutirões episódicos, como se fossem vitrines de campanha. A saúde pública precisa ser contínua, acessível e integrada ao dia a dia da população. E isso, meus amigos, não se resolve com auriculoterapia no sábado de manhã.
*Com inormação assessoria de imprensa
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