A dança das siglas: Eduardo Leite abandona o PSDB e leva alfinetada de Aécio
Governador gaúcho troca décadas de história tucana pela “flexibilidade” do PSD, e ouve de Aécio que está indo para o partido que serve a dois senhores: Lula e Bolsonaro

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, enfim oficializou sua saída do PSDB, partido que o abrigou por 24 anos. Seu novo endereço? O PSD de Gilberto Kassab, famoso por estar onde o vento sopra — com Bolsonaro num estado, com Lula em outro. Uma espécie de partido iogurte: combina com tudo.
Aécio Neves, um dos últimos a ainda vestir a camisa tucana com orgulho — ou teimosia —, não deixou barato: alfinetou Leite ao dizer que o PSD "não tem dificuldade de participar simultaneamente de governos bolsonaristas e petistas", deixando subentendido que quem procura esse tipo de legenda já não tem mais compromisso com coerência ideológica.
Eduardo Leite, com aquele discurso ensaiado de quem troca de roupa no meio do jogo, disse que o PSD se parece com “o PSDB de antes”. De qual “antes” ele fala, ninguém sabe. Talvez de um passado em que o partido tinha clareza de propósito. Hoje, o PSDB afunda tentando se fundir com o Podemos para ver se escapa da extinção.
Com a debandada de nomes fortes, como Raquel Lyra em Pernambuco e o próprio Leite, o PSDB agora tem apenas um governador: Eduardo Riedel, de Mato Grosso do Sul — que, segundo rumores, também já está com a mala pronta. A nau tucana vai ficando vazia.
Enquanto isso, Kassab ri à toa. Seu PSD, que não tem vergonha de dizer "sim" para todos os lados, cresce. E Leite, que já sonhou em ser presidente, agora planeja disputar o Senado em 2026, mas não descarta voltar os olhos ao Planalto se sentir cheiro de oportunidade.
No Brasil, a coerência partidária continua sendo artigo de luxo. E, como sempre, o eleitor assiste de camarote àqueles que juraram representar ideias trocando de sigla como quem troca de camisa — sem sequer corar o rosto.
*Com informações carta capital
COMENTÁRIOS