Fabio Sniper
O jogo sujo do Planalto
Sem apoio popular, o governo prefere a canetada de um ministro à voz de 513 deputados

No Brasil de hoje, basta o Congresso fazer seu trabalho que o governo corre para o Supremo. A derrota de Lula na votação do IOF, com 383 votos contrários ao aumento do imposto, escancarou mais do que uma simples disputa orçamentária. Revelou a face autoritária de um governo que, incapaz de dialogar, busca impor suas vontades via judicialização.
A estratégia é clara: quando o Executivo perde no Legislativo, recorre ao Judiciário. E não se trata de simples divergência legal. É uma manobra política — e perigosa.
Recorrer ao STF para derrubar uma decisão legítima do Congresso é um atentado à democracia. É subverter a lógica da separação de poderes. É negar o papel do Parlamento como casa do povo. É declarar guerra à Constituição.
O papel do STF não é o de corregedor do Congresso. O STF não foi eleito. O STF não representa o povo. Ao assumir o protagonismo político nas decisões do Executivo, a Suprema Corte passa a ser cúmplice de um projeto de poder que não respeita o contraditório — apenas a imposição.
Essa não é a primeira vez. E, infelizmente, não será a última. O governo Lula já entendeu que pode usar o Supremo como um escudo para sua incapacidade de articulação. O problema é que, ao fazer isso, coloca em risco a confiança nas instituições e alimenta o sentimento — legítimo — de que vivemos sob um regime onde o voto tem cada vez menos valor.
Parlamentares da oposição já alertaram: o STF está se tornando um "superpoder", acima da Constituição. E mesmo partidos da base começam a desconfiar dos rumos tomados por Lula e sua turma.
O Brasil não pode aceitar esse tipo de golpe silencioso. A democracia morre não apenas com tanques nas ruas, mas também com silêncio nas sessões do Congresso e com liminares monocráticas. O STF precisa se lembrar do seu papel: interpretar a lei, não governar o país.
E o governo Lula precisa aprender a governar com o Congresso — e não contra ele.
*com informações Revista Oeste
COMENTÁRIOS